De Beatriz Becker, doutora em Comunicação, sobre o jornalismo atual, em coletânea inédita de artigos sobre a prática do jornalismo:
"Questiona-se ainda como a imprensa independente pode sobreviver em uma sociedade democrática neste século. Mas parte-se visivelmente em direção a uma proposta de jornalismo voltado para a produção de um modelo inclusivo, de comunicação interativa e reflexiva. Hoje, os cidadãos têm mais poder que nunca para produzir e distribuir informações. As pessoas já não têm mesmo necessidade da imprensa como antes, porque estão disponíveis muitos outros canais de informação e modos de apreender a vida social no dia a dia, mas não deixam de precisar de uma informação profissional e confiável sobre os acontecimentos que merecem ser conhecidos quando ajudam a compreender e a melhorar a sociedade na qual vivemos. Se o jornalismo e os jornalistas têm perdido a sua “aura” de exclusivos historiadores da verdade do presente, não deixam de oferecer uma forma de conhecimento fundamental do Brasil e do mundo.
As práticas jornalísticas constituem-se em uma possibilidade de resistência ao pensamento único, às estratégias retóricas e ao cinismo que muitas vezes sustenta determinadas ações políticas, funcionam como um instrumento importante de vigilância dos poderes constituídos; denunciando atitudes e acontecimentos que nem sempre colaboram para percepções mais amplas da realidade, e reafirmam a necessidade do estabelecimento de sociedades mais descentralizadas e democráticas, ainda que seus modos de dizer o cotidiano social, ou melhor, de eleger e constituir critérios de noticiabilidade na construção de seus relatos nem sempre sejam transparentes ou visíveis. O jornalismo revela jogos e disputas de poder, desigualdades, faz denúncias e informa sobre os principais acontecimentos do país e do mundo, e os sentidos das notícias não só intervêm na vida, nos pensamentos e na cultura de todos os cidadãos, mas também em nossas relações com o outro e em nossas perceções da vida em suas diferentes dimensões.
De fato, o jornalismo contribuiu para a comprensão do mundo e, quanto mais democrática é uma sociedade, mais informações e notícias existem. Por isso, implica um fazer e um saber específicos, o que demanda não apenas uma formação técnica para o exercício da profissão, mas também ética e humanista em função de sua relevante função social. Mas, não pode ser visto sem contradições em relação ao seu papel idealizado de formador do cidadão na atualidade. E para tentar compreender essas contradições precisamos procurar identificar os desafios que o jornalismo enfrenta na atualidade nas práticas profissionais, mas também no ensino e na pesquisa e suas possíveis relações."
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As práticas jornalísticas constituem-se em uma possibilidade de resistência ao pensamento único, às estratégias retóricas e ao cinismo que muitas vezes sustenta determinadas ações políticas, funcionam como um instrumento importante de vigilância dos poderes constituídos; denunciando atitudes e acontecimentos que nem sempre colaboram para percepções mais amplas da realidade, e reafirmam a necessidade do estabelecimento de sociedades mais descentralizadas e democráticas, ainda que seus modos de dizer o cotidiano social, ou melhor, de eleger e constituir critérios de noticiabilidade na construção de seus relatos nem sempre sejam transparentes ou visíveis. O jornalismo revela jogos e disputas de poder, desigualdades, faz denúncias e informa sobre os principais acontecimentos do país e do mundo, e os sentidos das notícias não só intervêm na vida, nos pensamentos e na cultura de todos os cidadãos, mas também em nossas relações com o outro e em nossas perceções da vida em suas diferentes dimensões.
De fato, o jornalismo contribuiu para a comprensão do mundo e, quanto mais democrática é uma sociedade, mais informações e notícias existem. Por isso, implica um fazer e um saber específicos, o que demanda não apenas uma formação técnica para o exercício da profissão, mas também ética e humanista em função de sua relevante função social. Mas, não pode ser visto sem contradições em relação ao seu papel idealizado de formador do cidadão na atualidade. E para tentar compreender essas contradições precisamos procurar identificar os desafios que o jornalismo enfrenta na atualidade nas práticas profissionais, mas também no ensino e na pesquisa e suas possíveis relações."
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O paradigma da objetividade jornalística, por exemplo, começou a ser questionado pela própria profissão, em boa parte devido à crítica acadêmica, revelando que o discurso da imprensa é mais do que um relato, pois cria instruções, expectativas ou enquadramentos em torno dos quais os outros devem se orientar e organizar seus modos de atribuir sentidos à realidade. A existência de um maior número de sites de “crítica da mídia” é exemplo dos efeitos da construção de uma cultura crítica de consumo da informação jornalística.
"Hoje, as pesquisas nesse campo de conhecimento tornam-se cada vez mais consistentes em diferentes países e continentes. Refletir sobre as referidas contradições e desafios enfrentados pelas práticas jornalísticas na atualidade; apontar perspectivas; questionar os atuais critérios de noticiabilidade, encontrar parâmetros de qualidade para o exercício profissional; pensar em novos modos de fazer jornalismo e de relatar o cotidiano social; e sugerir diretrizes também para o aperfeiçoamento do ensino – estes são alguns dos atuais temas de pesquisas em jornalismo em curso não só no Brasil, mas em todo o mundo."